Sim, ele existe de verdade, nas redondezas de Frankfurt. Desde 1252.
Escondido em meio a uma floresta antiquíssima, daquelas dos filmes de terror.
Para ser mais exata: em Eberstadt, sobre uma montanha que é tida como um dos maiores pontos magnéticos da Alemanha. Quem faz bruxaria sabe o que isso significa (e na Alemanha há muitas – longe de mim!). Talvez por isso eu sinta uma dor de cabeça bem esquisita quando fico lá por muito tempo. Os inúmeros gatos selvagens e mansos dali aliviam.
E, quem sabe, talvez por isso o monstro Frankenstein tenha nascido ali, na imaginação de Mary Shelley. Mas não vou falar aqui de literatura, história ou de História – disto o Google está cheio. Vou mostrar as ruínas com meus olhos.
Um dos meus manuscritos inéditos (aham, spoiler) tem como pano de fundo o Haloween do Castelo de Frankenstein. É um Haloween muito famoso – dizem que é um dos melhores da Alemanha. E que é possível alugar um caixão por meia hora. Para dois. Sachen gibt´s (cada coisa!)… Ainda não fui, mas não por falta de vontade. Ao Haloween, claro. O cenário é ideal: as ruínas, as escadaria, os muros frios e as portas de masmorra.
Sempre que tenho um tempo – ou alguma encheção -, subo até o castelo. Existe um quê de misterioso nas pedras. E de reconfortante. É um dos meus lugares preferidos para meditar. A vista é maravilhosa, e as bolinhas de sabão vão longe…
É possível ver longe, até Frankfurt, onde os aviões alçam voo.
Ah: há um bom restaurante também, com comida típica alemã no almoço e no jantar, Earl Grey e bolos deliciosos à tarde (ou uma Bier gelada no verão), Flammkuchen (uma versão da Alsácia de pizza), um quiosque com sorvetes e uma máquina de imprimir moedinhas de souvenir.
Sim, e uma capela. Muitas pessoas se casam no Frankenstein. Gosto de ir ver as noivas quarentonas e sorridentes. Elas são sempre as mais felizes e mais over-maquiadas.
Os caminhos entre as muralhas é silencioso, introspectivo. Inspirador. Místico.
Apenas dois quartos ainda conservam uma madeira gasta de passos do mundo inteiro. Gosto de ficar ali, olhando pelas janelas sem vidros e pensando no vento.
As paredes de pedra não dizem muito da História, mas das pessoas: assinaturas de viajantes e errantes globais, tatuadas com canivetes ou tinta, datam de 1960 ou bem antes.
Eu gostaria de saber o que existe por detrás das portas trancadas do castelo.
Atrás das grades, ainda é possível ver os enfeites do Natal e do Silvester (festa de ano novo). As masmorras de ontem são os depósitos das tralhas de hoje.
Para chegar até lá, uma estrada sinuosa se ergue pela floresta. Ciclistas sérios, motociclistas de fim-de-semana e motoristas blasé dividem o asfalto, enquanto alguns corajosos trilham pela floresta. É possível fazer um percurso pela Natureza num parque natural diante da entrada do Castelo, seguindo um mapa. Também é possível se sentar sobre um banco à sombra do passado e escrever poema. Gravar um vídeo de música. Ou se vestir de Branca de Neve e gravar um vídeo para o Youtube (eu vi).
A entrada é 1 Euro. Não abre nem fecha. Ninguém cobra o ingresso. Ninguém incomoda. Nunca. Nem os fantasmas. Nem o Frank.
Por Paula Dassie