O verdadeiro Castelo de Frankenstein (Alemanha), por Paula Dassie.

Sim, ele existe de verdade, nas redondezas de Frankfurt. Desde 1252.

paula-dassie-frankenstein-15

Escondido em meio a uma floresta antiquíssima, daquelas dos filmes de terror.

paula-dassie-frankenstein-27
Foto: a floresta (Odenwald)
paula-dassie-frankenstein-16
Foto: o castelo de Frankenstein entre árvores nevadas.

Para ser mais exata: em Eberstadt, sobre uma montanha que é tida como um dos maiores pontos magnéticos da Alemanha. Quem faz bruxaria sabe o que isso significa (e na Alemanha há muitas – longe de mim!). Talvez por isso eu sinta uma dor de cabeça bem esquisita quando fico lá por muito tempo. Os inúmeros gatos selvagens e mansos dali aliviam.

paula-dassie-frankenstein-01
Vista geral das ruínas do Castelo de Frankenstein, em Eberstadt.

E, quem sabe, talvez por isso o monstro Frankenstein tenha nascido ali, na imaginação de Mary Shelley. Mas não vou falar aqui de literatura, história ou de História – disto o Google está cheio. Vou mostrar as ruínas com meus olhos.

paula-dassie-frankenstein-08
Foto: a escadaria externa

Um dos meus manuscritos inéditos (aham, spoiler) tem como pano de fundo o Haloween do Castelo de Frankenstein. É um Haloween muito famoso – dizem que é um dos melhores da Alemanha. E que é possível alugar um caixão por meia hora. Para dois. Sachen gibt´s (cada coisa!)… Ainda não fui, mas não por falta de vontade. Ao Haloween, claro. O cenário é ideal: as ruínas, as escadaria, os muros frios e as portas de masmorra.

paula-dassie-frankenstein-09

paula-dassie-frankenstein-19paula-dassie-frankenstein-10paula-dassie-frankenstein-11

Sempre que tenho um tempo – ou alguma encheção -, subo até o castelo. Existe um quê de misterioso nas pedras. E de reconfortante. É um dos meus lugares preferidos para meditar. A vista é maravilhosa, e as bolinhas de sabão vão longe…

paula-dassie-frankenstein-06paula-dassie-frankenstein-22

É possível ver longe, até Frankfurt, onde os aviões alçam voo.

Ah: há um bom restaurante também, com comida típica alemã no almoço e no jantar, Earl Grey e bolos deliciosos à tarde (ou uma Bier gelada no verão), Flammkuchen (uma versão da Alsácia de pizza), um quiosque com sorvetes e uma máquina de imprimir moedinhas de souvenir.

paula-dassie-frankenstein-17
Foto: a capela do castelo (Burgkapelle)

Sim, e uma capela. Muitas pessoas se casam no Frankenstein. Gosto de ir ver as noivas quarentonas e sorridentes. Elas são sempre as mais felizes e mais over-maquiadas.

paula-dassie-frankenstein-02
Foto: a torre principal, com sua escadaria

Os caminhos entre as muralhas é silencioso, introspectivo. Inspirador. Místico.

paula-dassie-frankenstein-13
Foto: a muralha coberta de neve, e Frankfurt ao longe

Apenas dois quartos ainda conservam uma madeira gasta de passos do mundo inteiro. Gosto de ficar ali, olhando pelas janelas sem vidros e pensando no vento.

paula-dassie-frankenstein-18
Foto: degraus gastos pelos séculos
paula-dassie-frankenstein-07
Foto: o quarto com as paredes assinadas
paula-dassie-frankenstein-03
Foto: vista de uma das janelas dos quartos

As paredes de pedra não dizem muito da História, mas das pessoas: assinaturas de viajantes e errantes globais, tatuadas com canivetes ou tinta, datam de 1960 ou bem antes.

paula-dassie-frankenstein-12
Foto: dentro de um dos quartos

Eu gostaria de saber o que existe por detrás das portas trancadas do castelo.

paula-dassie-frankenstein-24
Foto: uma porta fechada.
paula-dassie-frankenstein-23
Foto: atrás das grades…

Atrás das grades, ainda é possível ver os enfeites do Natal e do Silvester (festa de ano novo). As masmorras de ontem são os depósitos das tralhas de hoje.

paula-dassie-frankenstein-14
Foto: a estrada que leva ao castelo, coberta de neve.

Para chegar até lá, uma estrada sinuosa se ergue pela floresta. Ciclistas sérios, motociclistas de fim-de-semana e motoristas blasé dividem o asfalto, enquanto alguns corajosos trilham pela floresta. É possível fazer um percurso pela Natureza num parque natural diante da entrada do Castelo, seguindo um mapa. Também é possível se sentar sobre um banco à sombra do passado e escrever poema. Gravar um vídeo de música. Ou se vestir de Branca de Neve e gravar um vídeo para o Youtube (eu vi).

paula-dassie-frankenstein-05
Foto: selfie sombria.

A entrada é 1 Euro. Não abre nem fecha. Ninguém cobra o ingresso. Ninguém incomoda. Nunca. Nem os fantasmas. Nem o Frank.

Por Paula Dassie